Doença de Behçet: o que é e como tratar

Doença de Behçet

Doença de Behçet: o que é e como tratar

A Doença de Behçet é uma condição rara, crônica e autoimune que pode afetar múltiplos sistemas do corpo, incluindo a pele, olhos, articulações, vasos sanguíneos, sistema nervoso e trato digestivo.

Embora a causa exata da doença ainda não seja totalmente compreendida, acredita-se que fatores genéticos e ambientais possam estar envolvidos. Neste artigo, vamos explorar o que é a Doença de Behçet, seus sintomas e, principalmente, como é feito o tratamento.

O que é a Doença de Behçet?

A Doença de Behçet é uma vasculite sistêmica — ou seja, uma inflamação dos vasos sanguíneos — que pode afetar artérias e veias de diferentes calibres. A inflamação resultante pode causar uma ampla gama de sintomas e complicações, dependendo das áreas do corpo atingidas.

Foi descrita pela primeira vez pelo médico turco Hulusi Behçet, em 1937, a partir de casos com úlceras bucais recorrentes, lesões genitais e inflamação ocular. Desde então, outros sintomas e manifestações clínicas foram sendo associados à doença.

Principais sintomas

A Doença de Behçet pode variar muito de pessoa para pessoa, mas alguns sintomas são mais comuns, como:

  • Aftas bucais recorrentes: dolorosas e frequentes, muitas vezes o primeiro sinal da doença.
  • Úlceras genitais: semelhantes às aftas, mas localizadas na região genital.
  • Inflamação ocular (uveíte): pode causar dor, vermelhidão, visão turva e até cegueira se não tratada adequadamente.
  • Problemas de pele: como lesões semelhantes à acne ou nódulos dolorosos sob a pele (eritema nodoso).
  • Dor e inchaço nas articulações: principalmente nos joelhos e tornozelos.
  • Complicações neurológicas ou gastrointestinais: em casos mais graves, a doença pode afetar o sistema nervoso central ou o intestino.

Causas e fatores de risco

Ainda não se sabe ao certo o que causa a Doença de Behçet, mas acredita-se que seja uma combinação de predisposição genética e gatilhos ambientais, como infecções virais ou bacterianas.

A doença é mais comum em países ao longo da antiga Rota da Seda — como Turquia, Irã, Japão e China — mas também pode ocorrer em outras partes do mundo. É mais frequentemente diagnosticada entre os 20 e 40 anos, e pode afetar tanto homens quanto mulheres, embora os homens tendam a apresentar formas mais graves da doença.

Como é feito o diagnóstico?

Não existe um exame específico que confirme a Doença de Behçet. O diagnóstico é clínico, baseado na presença dos sintomas e na exclusão de outras condições. O médico pode solicitar exames de sangue, imagem e até biópsias para ajudar a descartar outras doenças autoimunes e infecciosas.

Critérios internacionais foram estabelecidos para auxiliar o diagnóstico, como a presença de úlceras orais recorrentes associadas a pelo menos dois dos seguintes sinais: úlceras genitais, lesões oculares, alterações de pele ou teste de patergia positivo (uma reação exagerada da pele a uma pequena lesão).

Tratamento da Doença de Behçet

O tratamento da Doença de Behçet depende da gravidade e da localização dos sintomas. Não existe cura, mas é possível controlar a inflamação e prevenir surtos com medicamentos. As principais abordagens incluem:

  • Corticoides: como a prednisona, usados para reduzir a inflamação durante crises.
  • Imunossupressores: como azatioprina, ciclosporina ou metotrexato, utilizados em casos mais graves ou com envolvimento ocular e neurológico.
  • Colchicina: especialmente eficaz para aftas, lesões genitais e dores articulares.
  • Terapias biológicas: medicamentos mais recentes, como infliximabe e adalimumabe, têm sido usados com sucesso em pacientes com resposta inadequada aos tratamentos tradicionais.

O acompanhamento médico regular é essencial para ajustar o tratamento conforme necessário e monitorar possíveis efeitos colaterais dos medicamentos.

Qualidade de vida com a Doença de Behçet

Com o tratamento adequado e acompanhamento constante, muitas pessoas com Doença de Behçet conseguem levar uma vida relativamente normal. No entanto, a condição pode ser imprevisível e exigir ajustes frequentes no estilo de vida e nas medicações.

A adesão ao tratamento, o controle do estresse e o suporte emocional são fundamentais para lidar com os desafios dessa doença crônica. Grupos de apoio e acompanhamento psicológico também podem ajudar os pacientes a enfrentarem melhor as limitações impostas pela condição.

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